Exportações industriais de baixa tecnologia tomam a frente no primeiro semestre
21/08/2018

Entre os produtos brasileiros de alta tecnologia, só houve saldo positivo na indústria aeronáutica.

indústria brasileira vem exportando mais. Essa expansão, porém, não acompanha o ritmo da importação de produtos manufaturados, o que faz crescer o saldo negativo do setor. O déficit na balança comercial da indústria passou de US$ 1,3 bilhão para US$ 9,4 bilhões entre janeiro e junho. As exportações cresceram 5%, somando US$ 66,5 bilhões, e as importações subiram 18%, para US$ 75,9 bilhões. De modo geral a indústria brasileira sofre de baixa competitividade, mas há desempenhos distintos formando essa conta.

O grupo que o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) chama de “alta intensidade tecnológica” (e inclui, entre outros, fabricantes de hardware, medicamentos, equipamentos médicos, aeronaves e componentes) apresentou déficit crescente de US$ 9,7 milhões, maior que nos primeiros semestres de 2017 e 2016. Nesse grupo, a indústria aeroespacial foi exceção — conseguiu exportação e superávit recordes. Os setores farmacêutico e eletrônico apresentaram déficit.

Já o grupo de “baixa intensidade tecnológica” (e inclui, entre outros, fabricantes de alimentos e bebidas, papel e celulose, roupas e calçados) foi o único entre os quatro usados pelo Iedi que obteve saldo positivo no primeiro semestre, de US$ 18 bilhões. O destaque foi o setor de papel e celulose. Os outros dois grupos de setores definidos pelo Iedi, intermediários, são de “média-baixa” e “média-alta” intensidade tecnológica.

Uma justificativa para o déficit atual geral na indústria é que, apesar do pequeno crescimento da economia, algumas empresas estão substituindo equipamentos defasados por modelos mais modernos. Por outro lado, mostra que o País segue dependente do mercado externo e que o esforço de conquistar clientes externos anunciado por muitas indústrias no período da crise teve poucos resultados.O economista Rafael Cagnin, do Iedi, ressalta que as importações crescem em ritmo mais acelerado que as exportações mesmo com a fraca recuperação econômica. Para ele, no momento em que o Produto Interno Bruto (PIB) começar a acelerar mais, o déficit na indústria de transformação voltará a crescer fortemente.”Na crise, havia a esperança de que o perfil importador pudesse ser amenizado com a substituição por produção doméstica e ganho de mercado externo, mas, pelo que estamos vendo, o País caminha novamente para o período pré-crise, com padrão fortemente importador”, afirma Cagnin.

Sem produção. A indústria de autopeças projeta saldo negativo de mais de US$ 6 bilhões para este ano em sua balança comercial, depois de ter registrado déficits na casa dos US$ 5 bilhões nos últimos três anos, valor que inclui a importação de empresas de componentes e montadoras.As exportações de autopeças devem crescer 11,5%, para US$ 8,2 bilhões, mas as importações vão aumentar 14%, para US$ 14,5 bilhões. Um dos motivos, segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), é o significativo número de lançamentos de carros, que introduzem novas tecnologias.Outra razão é que várias peças deixaram de ser fabricadas no País com o fechamento de empresas que não resistiram à crise e a única alternativa é trazer de fora.

A indústria têxtil deve exportar US$ 1,1 bilhão durante o ano, e importar US$ 6 bilhões, projeta Fernando Pimentel, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). O setor investia em média R$ 6 bilhões por ano em modernização de equipamentos, mas, em razão da elevada ociosidade das máquinas nos anos de crise, o valor caiu para cerca de R$ 2,5 bilhões. “Neste ano ampliamos em 20% o valor gasto na compra de equipamentos”, informa Pimentel.

Fábio Silveira, da consultoria MacroSector, avalia que, em razão da baixa competitividade da indústria brasileira, quando a economia volta a crescer, as importações crescem e o saldo da balança piora. O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, prevê que as importações de todos os setores vão aumentar este ano 11,5%, totalizando US$ 168,1 bilhões. Já as exportações terão alta de 3%, para US$ 224,4 bilhões, o que resultará em saldo positivo de US$ 56,3 bilhões, queda de 16% em relação ao valor gerado no ano passado.”O preço do petróleo melhorou, assim como o da soja. Além disso, exportamos mais quantidade de soja por causa da quebra da safra da Argentina”, justifica Castro.

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