Quando o tempo esfria, e a preguiça atinge até os marombeiros, Fabrícia Costa, de 36 anos, não se preocupa mais como antes. À frente de uma microempresa brasileira do segmento de moda fitness, ela encontrou, bem longe daqui, um jeito de equilibrar as suas contas: vender para os Estados Unidos, que vivem o verão no meio do ano. Dona da Q Art Fitness, ela virou um exemplo de quem não esperou crescer para exportar.
— Eu acho possível e recomendável (que micro e pequenas empresas exportem). Mas é preciso ver a entrada no mercado internacional como um plano de crescimento. E não de forma oportunista, apenas por conta da crise no país. Pois o resultado vem a médio e longo prazo — aponta Miriam Ferraz, analista do Sebrae/RJ.
A participação de micro e pequenas empresas na pauta exportadora do país, porém, ainda é baixíssima: elas são responsáveis por menos de 1%. Enquanto isso, em outros países, o índice chega a 45%, como na Itália, Alemanha, Japão e China, segundo Míriam.
Para Jorge Bittencourt, professor de Planejamento Estratégico e Marketing no Ibmec, os empresários brasileiros demoraram a perceber novos caminhos, pelo marketing digital. Mas estão em adaptação.
— Hoje, você faz qualquer compra em qualquer lugar. Chega tão rápido quanto se você comprasse aqui. Por isso, há muita gente indo para o mercado exterior, especialmente Estados Unidos, Canadá e Nova Zelândia — diz.
Há três anos exportando, Fabrícia, da Q Art, já atende a empresas em três países.
— Meus clientes no Chile e nos Estados Unidos conheceram aqui a loja e, nas primeiras vezes, vieram buscar os produtos. Agora, eu envio. Também estou vendendo para a Austrália. No ano passado, a exportação me deu 30% do faturamento no inverno.
Portal único
O número de pequenos e médios empreendedores que passaram a vender seus produtos e serviços para clientes fora do Brasil cresceu 11% em um ano, entre 2014 e 2015. Os dados são os mais recentes divulgados pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). O faturamento também cresceu 5,2%.
E os números ainda devem melhorar, com a facilitação do processo pelo lançamento, em março, do Portal Único do Comércio Exterior, desenvolvido em conjunto pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do MDIC e pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Segundo os responsáveis pelo portal, a iniciativa elimina a necessidade da apresentação de alguns documentos e reduz etapas e exigências governamentais.
Inicialmente, vale para exportações sujeitas apenas a controle aduaneiro, realizadas por meio do Porto de Santos e das unidades aduaneiras em Uruguaiana e Foz do Iguaçu. A expectativa é que, até o fim deste ano, 100% das exportações possam ser feitas por meio do Portal Único.
Fonte: Extra Globo