A evolução da economia em 2017
23/11/2017

De acordo com as estimativas preliminares do INE, o PIB cresceu 2,5% em termos reais, no terceiro trimestre, em comparação com o trimestre homólogo de 2016.

A taxa de crescimento nominal da economia deverá situar-se em torno dos 4%. O comércio internacional está a evoluir a taxas elevadas, com as importações e exportações de bens a crescer 13% e 11%, respectivamente, nos primeiros 9 meses do ano (de acordo com dados do Eurostat).

Em contraste com a percepção generalizada, o objectivo primeiro do resgate a Portugal e do programa de ajustamento que se seguiu, foi responder aos desequilíbrios externos do país e não aos desequilíbrios das contas públicas. Um dos elementos fundamentais da austeridade, na perspectiva dos seus defensores, seria deprimir, de forma permanente, o crescimento da procura interna e assim reduzir importações e reequilibrar as contas externas. Subjacente estava a convicção de que qualquer estímulo à economia resultaria num crescimento excessivo das importações e a novos desequilíbrios externos. Tinha sido esse, de facto, o padrão histórico da economia portuguesa.

Não é, porém, o duro programa de ajustamento (e a compressão da procura interna e importações) que explica o bom desempenho externo da economia na actualidade e, por conseguinte, o bom desempenho das contas públicas, como já aqui se defendeu. Esse desempenho é, numa parte significativa, explicado por factores externos exógenos, como a queda do preço do petróleo, o crescimento do turismo, a desvalorização do euro e a redução das taxas de juro.

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O principal risco da actual “boa” conjuntura da economia portuguesa é que faça disparar as importações e o país passe a registar elevados défices externos novamente. O risco não é, como muitos argumentam, o derrapar das contas públicas.

É necessário, por isso, acompanhar com atenção a evolução das contas externas, ou seja da balança corrente e de capital e, na primeira, especialmente a balança de bens e serviços. Estas duas balanças, de acordo com o Boletim Estatístico do Banco de Portugal, continuam positivas entre Janeiro e Agosto.

Perspectiva-se, assim, mais um ano, o quinto consecutivo, com excedentes externos, i.e., em que o país poupa mais do que gasta  –  logo empresta ao resto do mundo  – e, em que se verificam excedentes na balança de bens e serviços.

Ou seja, mesmo com a economia a crescer a um ritmo que não se observava desde o segundo semestre de 2000, as contas externas evoluem de forma robusta. Nos primeiros oito meses de 2017, o excedente da balança de bens e serviços ascende a cerca de 2550 milhões de euros, “somente” menos 550 milhões de euros que no período homólogo de 2016.

Por conseguinte, a política orçamental pode procurar apoiar e reforçar o crescimento económico sem pôr em causa o equilíbrio das contas externas. No curto e médio prazo, pelo menos…

 

Artigo escrito por: Ricardo Cabral.
Fonte: Publico.pt

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