Nem todos os setores do mercado têm sofrido com a quarentena motivada pelo novo coronavírus. É o caso do agronegócio brasileiro, que registrou em maio de 2020 um recorde histórico de exportações para o período. Segundo dados da SCRI (Secretaria de Comércio de Relações Internacionais), órgão vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, foram US$ 10,9 bilhões vendidos pelo país no mês, crescimento de 17,9% em comparação com igual período do ano anterior.
O número é expressivo em face do peso que o agronegócio tem conseguido nas exportações brasileiras. Em maio de 2020, o setor respondeu por 60,9% do total vendido pelo país para o exterior.
O índice é puxado pela soja (US$ 5,2 bilhões), seguida por carne bovina (US$ 780 milhões), açúcar (US$ 767 milhões) e café verde (US$ 468 milhões).
Alta do agronegócio é puxada pela China
O recorde de exportações registrado em maio tem relação direta com a avidez da China por produtos brasileiros. A venda para o país asiático teve alta de 50,4% no período entre 2019 e 2020, perfazendo um total de US$ 4,91 bilhões (44,9% do total).
A China comprou em maio US$ 3,7 bilhões de soja do Brasil (71,5% do volume vendido pelo país sul-americano).
Outros segmentos em que a China teve papel significativo foram carne (55% do total exportado pelo Brasil no segmento), açúcar (21,7%) e celulose (41,4%).
Resultados confirmam comportamento do Brasil no mercado
Os índices registrados em maio ratificaram o perfil do Brasil no comércio exterior: fortemente baseado em commodities e dependente do mercado chinês.
Alavancadas pela agropecuária, as commodities responderam por 71% da exportação do Brasil em maio de 2020. De acordo com o Icomex (Índice de Comércio Exterior) desenvolvido pela FGV, o volume foi 23,7% superior ao do mesmo mês no ano passado.
O Icomex mostrou que em maio, enquanto as exportações do Brasil para a China tiveram alta, o volume de negócios do país caiu com todos os outros países da Ásia.
Em 2020, 32,5% das exportações brasileiras tiveram a China como destino. Em contrapartida, 20,8% das importações do país sul-americano tiveram origem no parceiro asiático.
O saldo da balança comercial do Brasil foi de US$ 4,5 bilhões em maio, montante US$ 1,1 bilhão inferior ao que o país havia registrado no mesmo mês do ano passado. Em 2020, o saldo acumulado é de US$ 15,5 bilhões, US$ 4,8 bilhões abaixo dos cinco primeiros meses do ano anterior.
Direção,
Marcus Vinicius Tatagiba.
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