Consultor vê o Irã “mais atrativo que o Mercosul em todos os sentidos; é só descobrí-lo”
04/11/2016

Brasília – “O Fórum de Negócios Brasil-Irã deve abordar novos horizontes. O desconhecimento mútuo dos respectivos mercados mina várias excelentes perspectivas e um evento dessa magnitude é a oportunidade para se iniciar a construção de um grande network comercial totalmente diferenciado, que fuja dos modelos hoje explorados nessas relações e parta para setores que precisam ser melhor intercambiados. Nada ou pouco se fala de investimentos recíprocos em franchising e serviços, por exemplo e chegou a hora de fazê-lo. O Irã tem tudo para ser para o Brasil um país mais atrativo que nossos vizinhos do Mercosul, em todos os sentidos. É só uma questão de descobrí-lo”.

 

A avaliação foi feita por Jorge Mortean, consultor da Mercator Business Intelligentsia, uma empresa de consultoria sediada em São Paulo, especializada em relações internacionais e que tem a missão de promover e assessora intercâmbios entre o Brasil, Oriente Médio, Ásia Central e Cáucaso, ao analisar o Fórum de Negócios Brasil-Irã, que será realizado nos dias 17 e 18 de novembro, em Brasília.

Segundo ele, o fluxo de comércio entre os dois países (de janeiro a setembro as exportações brasileiras para o Irã totalizaram US$ 1,731 bilhão e as vendas iranianas ao Brasil foram de pouco mais de US$ 36 milhões) encontra-se aquém das potencialidades das economias brasileira e iraniana.

Desconhecimento recíproco

Em seu entendimento, esses números modestos se devem em grande parte ao baixo nível de conhecimento existente entre os dois parceiros: “o desconhecimento geopolítico é infinitamente maior pela nossa parte. O brasileiro desconhece os potenciais e os atrativos do Irã, não somente enquanto mercado, mas também como player regional. Infelizmente, a mídia internacional reflete somente a política externa do país, o que atrapalhava sua imagem até o momento em que as sanções econômicas foram levantadas. Mas o Irã é muito maior e mais atrativo que sua política externa: são praticamente 80 milhões de habitantes, com um poder de paridade de compra per capita uma vez e meia maior que o nosso, com uma classe média grande e abastada e, além disso, estamos falando de uma economia que deve fechar este ano com 4,3% de crescimento do PIB”.

Jorge Mortean considera limitada a pauta exportadora atualmente explorada pelos dois países: “basicamente, nós exportamos aos iranianos carnes bovinas e de aves, açúcar, grãos de milho e soja e peças automotivas. Do Irã importamos subprodutos de polietileno, pistache, tâmaras e frutas secas. É muito pouco considerando-se a ampla gama de produtos exportados pelo Brasil e pelo Irã para os mais diversos países”.

Diversificação das exportações

Nesse contexto, o consultor da Mercator Business analisa a participação pouco significativa dos produtos industrializados na pauta exportadora dos dois países. Para modificar esse panorama, sublinha Jorge Mortean, “é preciso um trabalho recíproco em cima de eventos setoriais e promover o envio de missões empresariais que seja fomentado tanto pelos respectivos governos e suas agências de cooperação econômica, bem como pela própria iniciativa privada. Só através de muita informação, inteligência de mercado e viagens para sondar mercados é que atravessaremos tais barreiras”.

O especialista em Estudos Regionais do Oriente Médio vê com otimismo a meta estabelecida pelos governos do Brasil e do Irã de levar, nos próximos anos, o intercâmbio comercial bilateral ao patamar de US$ 5 bilhões/ano. Segundo ele, “essa meta é factível e estamos caminhando nesse sentido. Só não temos avançado mais rapidamente porque o setor financeiro está em um ritmo diferente para reinserir o Irã no seu sistema internacional. Transações bancárias e financeiras vêm voltando aos poucos à normalidade do padrão internacional”.

Na visão do analista, negócios relevantes estão em curso e ele diz estar ciente da assinatura de um acordo de intenção de compras com a Embraer, envolvendo 20 aviões (sendo 10 encomendas firmes, mais 10 opções extras) e perspectivas de bons negócios também existem envolvendo a indústria automobilística, entre outros setores.

Presença relevante

Para Jorge Mortean, “o Brasil sempre esteve muito presente no Irã, comercialmente inclusive. Não podemos ignorar que diplomaticamente o Irã nos é muito importante; nossas relações são centenárias. Antes da Revolução Islâmica (1979), o Banco do Brasil tinha uma agência operando em Teerã. A invasão do país persa pelo Iraque, em 1980, e sua permanência até 1988, fez com que a economia iraniana se tornasse pouco atrativa. Porem, logo que a guerra acabou, a Embraer chegou a vender alguns aviões modelo Tucano para a força aérea iraniana, no início dos anos 1990. De lá para cá, vimos a Petrobrás abrir seu escritório regional em Teerã, que infelizmente acabou sendo fechado no final de 2009, por conta da pressão de acionistas americanos. Os anos 2000 foram o período onde nossas relações estiveram mais estreitas: a Voskswagem Brasl passou a fabricar o modelo Gol no país, houve a introdução de franquias brasileiras (Yogoberry e Tramontina), registrou-se aumento importante do intercâmbio econômico. Levamos produtos, serviços e investimentos importantes, que competem tanto com marcas nacionais iranianas como com as internacionais. E só de pensar que tudo isso não representa nem 5% daquilo que ainda podemos trocar comercialmente, faz do Irã um país mais atrativo que nossos vizinhos do Mercosul, em todos os sentidos. É só uma questão de descobrí-lo”.

 

Fonte: Comex do Brasil

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