O mercado de capitais ocupa lugar do BNDES
01/01/2019

Trata-se de tendência salutar, ao mostrar que muitas companhias já não dependem das linhas de longo prazo do BNDES para investir ou recompor a saúde financeira

Um número crescente de empresas vem substituindo os empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pela captação de recursos no mercado de capitais, segundo o Centro de Estudos de Mercado de Capitais (Cemec), vinculada à Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe-USP). Trata-se de tendência salutar, ao mostrar que muitas companhias já não dependem das linhas de longo prazo do BNDES para investir ou recompor a saúde financeira.

Entre 2013 e setembro de 2018, caiu de 20% para 12,9% a participação do BNDES no total das dívidas das empresas, avaliou o Cemec. As liberações de recursos do banco estatal para as companhias atingiram R$ 190 bilhões em 2013, reduzindo-se a R$ 64 bilhões em 12 meses, até setembro. Em igual período, o montante de emissões de títulos e de ações colocado no mercado avançou de R$ 140 bilhões para R$ 226 bilhões. “Em 2018, apesar da economia deprimida, o volume captado no mercado de capitais já é superior ao maior desembolso do BNDES, em 2013”, notou o diretor do Cemec, Carlos Antonio Rocca.

Um conjunto de fatores explica a tendência. Primeiro, a queda do juro básico, hoje em 6,5% ao ano, permitiu que as empresas fizessem emissões de dívida (em especial, notas promissórias e debêntures) a custo módico. Segundo, as operações com o BNDES passaram a ser corrigidas pela taxa de longo prazo (TLP), que substituiu a TJLP, deixando de embutir subsídios e se tornando mais caras.

Houve benefício para as contas públicas: em vez de o Tesouro ajudar o banco, foi o BNDES que passou a ajudar o Tesouro, devolvendo recursos fornecidos pela União.

A mudança das regras do BNDES corrigiu uma grave distorção econômica, caracterizada pelo fato de que um pequeno número de companhias de grande porte tomava parcela significativa dos recursos do banco a custo subsidiado. O que ocorria não porque essas empresas não tivessem acesso ao mercado de capitais, mas porque levavam vantagem ao tomar recursos subsidiados.

Além das colocações no mercado interno, as empresas também tomaram recursos em dólares, beneficiando-se da liquidez dos mercados globais. Numa fase menos promissora do mercado internacional, as empresas deverão se capitalizar com recursos tomados no mercado interno.

FONTE: ESTADÃO

Assine nossa newsletter!

    Aceito a Política de Privacidade


    Aceito receber informativos por e-mail, SMS e WhatsApp.

    Precisa de Ajuda?
    Fale Conosco!